Et maintenant le désir – 4 questões sobre o lugar hoje
Palavras-chave:
Arquitectura, Lugar, Ética, DesejoResumo
Pensar sobre qual o sentido e a utilidade do lugar hoje torna-se numa indagação sobre a essência humana. Habitar é uma experiência que ocorre dentro de nós, que interpreta as relações espacio-temporais entre as coisas que nos rodeiam, e que também tem uma componente ética, pressupondo uma finalidade, rejeitando uma aceitação indiferente das inevitabilidades ditas estruturais. Porque, sem essa vontade, a arquitetura é apenas um produto de consumo. Mas, mesmo como mero produto, apenas prospera se seduzir as pessoas, se lhes proporcionar uma experiência e for lugar, apelando à memoria, à imaginação e ao sentidos. Não pode ser indiferente, tem que deslumbrar, emocionar e cativar. O desejo tornou-se no factor de re-humanização, de re-centramento no sujeito, numa experiência do espaço e das coisas, relacionado a coisa construída com o sujeito através da comunicação, nas suas mais diversas formas. A arquitetura do desejo é comunicação. A arquitetura como arte predominantemente pública é um meio, uma oportunidade de emocionar as pessoas e, de certo modo, um desafio ético. Habitamos na megalopolis reconhecendo-a como inabitável, em que cada pensamento, cada imagem, cada sensação e cada afeto são um habitar do inabitável, como se fosse uma homenagem à casa que já não podemos habitar, mas que nos habita, deixada nas paredes, como se fosse um graffiti ou um protesto.